Uma das técnicas mais disseminadas em gestão de empresas é o benchmarking. Benchmarking é a identificação das melhores práticas sobre alguma iniciativa que se deseja implantar. Não há dúvida de que é uma técnica de bastante importância para o desenvolvimento das organizações, no entanto, é fundamental que seja aplicada com total prudência, pois pode levar a decisões inadequadas, principalmente por ser sucedida por diversas comparações. É aí que mora o perigo.
Confesso que, ao longo dos anos, tenho tido cada vez mais cuidado com comparações. Diferentemente do que muita gente quer nos fazer acreditar, a vida não é uma equação do segundo grau, em que basta alterar a variável “x”, que a variável “y” vai também ser alterada na proporção que desejamos. O mundo é muito mais complexo que isso e existem inúmeras variáveis que precisam ser levadas em consideração quando se faz determinadas análises. No ambiente empresarial não é diferente. Nas organizações, o contexto exige, predominantemente, o que na estatística se chama de análise multivariada, ou seja, é preciso levar em consideração diversas informações, de diversas fontes diferentes, para se chegar a uma conclusão consistente.
Quando empresas praticam benchmarking, normalmente estão querendo entender como as referências de mercado estão conduzindo determinada inciativa. Como já mencionei, é uma prática importante, mas um cuidado é determinante: a consciência de que, não é porque algo deu certo em um ambiente, que, necessariamente, também dará certo em outro. Vejo, com certa frequência, pessoas incentivando outras a iniciarem determinadas práticas que deram certo especificamente com elas. Entendo a boa intenção, mas há um risco grande, pois, para incentivar algo a alguém, é importante que entendamos minimamente o contexto da pessoa que queremos ajudar, sob o risco de estarmos sugerindo direcionamentos inadequados. Até mesmo irmãos criados juntos podem viver em contextos completamente diferentes ao longo da vida, o que faz com que uma recomendação para um não necessariamente seja igual para o outro.
No contexto das organizações, a cultura da empresa, o clima organizacional e o nível de capacitação do time, por exemplo, são variáveis que, normalmente, não se repetem em ambientes empresariais diferentes. Só este fato já torna praticamente impossível que uma iniciativa implantada com sucesso em uma empresa seja também garantia de sucesso ao ser reproduzida em outra organização. Em gestão, o “copia e cola” não é garantia de bons resultados, pelo contrário, a chance de algo dar errado é muito maior.
Sendo assim, benchmarking é energia gasta desnecessariamente? Essa resposta já dei no início do artigo quando destaquei a importância desta técnica para o desenvolvimento das empresas. Mas quero reforçar, para finalizar, que o sucesso do benchmarking vai depender, fundamentalmente, da qualidade das comparações que serão feitas por consequência. Entender as variáveis envolvidas, compreender o que pode ser aplicável ou não, será fundamental para determinar as melhores decisões. Portanto, encerro com uma recomendação que julgo ser de extrema utilidade: benchmarking, use com moderação!
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