A meritocracia, assim como qualquer outra abordagem, tem pontos positivos e também alguns efeitos colaterais. Um destes efeitos colaterais é o excessivo incentivo à competição. O conceito de competição, quando observado de uma forma mais ampla, traz benefícios econômicos para uma sociedade. Empresas que estão inseridas em mercados competitivos tendem a ser mais eficientes em suas operações, por exemplo. No entanto, quando esse conceito é aplicado aos indivíduos, o contexto é um pouco diferente.
Em um mundo cada vez mais complexo e imprevisível, a resolução de problemas tem a necessidade de ser um processo cada vez mais coletivo. Ao mesmo tempo em que a tecnologia permite a análise de um volume de dados cada vez maior, a interpretação destas análises precisa ser realizada por mais pessoas, preferencialmente com conhecimentos e visões de mundo diferentes. A colaboração entre as diversas áreas em uma empresa torna-se fator crítico de sucesso no enfrentamento dos desafios em um mundo pautado pelo desconhecido. As organizações não podem se dar ao luxo, atualmente, de desperdiçar energia de seus times em disputas internas. A motivação deve ser o empenho de todos na resolução de problemas, que no final das contas, vai gerar impacto no resultado final da empresa, ou seja, atinge, em última instância, todas as áreas.
Por exemplo, um processo mal estruturado ou mal executado na área de produção influencia negativamente na lucratividade da empresa, podendo impedir que as demais áreas recebam suas remunerações variáveis. Devemos sempre lembrar que empresas são sistemas, ou seja, são formadas por um conjunto de componentes inter-relacionados e interdependentes que operam em prol de um objetivo específico. Nas organizações, duas sentenças são absolutamente verdadeiras: as diversas áreas existentes nunca serão ilhas isoladas e o todo atuando de forma colaborativa será sempre maior que a soma das partes.
Sendo assim, algumas iniciativas podem ser colocadas em práticas no sentido de potencializar a colaboração entre os times:
Implantar reuniões de resultado com a participação ativa de várias áreas: muitas empresas até possuem estas rotinas com a presença física de times de áreas diferentes, porém, é comum que, quando uma determinada área está com a palavra, as demais ficam dispersas, sem envolvimento real na discussão, e esta não é a situação ideal. É importante que todos se envolvam, se interessem, no sentido de encontrar soluções conjuntas para os problemas;
Ter como foco da empresa o alcance das metas globais e não das metas individuais: metas individuais têm o seu valor, contanto que todos entendam que são apenas contribuições para o alcance de algo maior. As metas individuais não são fins nelas mesmas, mas parte de um todo que deve ser o objetivo primordial;
Incentivar que as análises das diversas informações geradas na empresa sejam realizadas por diversas áreas em conjunto: observar determinada solução sob diversos ângulos é condição fundamental para uma melhor tomada de decisão. As pessoas agem conforme suas respectivas visões de mundo, que nem sempre são as melhores para determinado contexto. Ter acesso a outras visões é enriquecedor;
Disseminar na empresa que a elaboração dos planos de ação para resolução dos problemas deve ser sempre um esforço coletivo, não individual: a decisão sobre quais medidas deverão ser tomadas para resolver determinado problema terá maior consistência quando discutida com diversas pessoas com conhecimento sobre o assunto. Ações são melhorias de processo, e grande parte dos processos é interdepartamental. Portanto, nada mais lógico do que as ações serem elaboradas em conjunto por diferentes áreas.
Em resumo, empresas fortes não são formadas por times individualmente fortes. Empresas fortes são aquelas em que os times, atuando conjuntamente, se tornam uma força única maior. Em outras palavras, empresas fortes são formadas por culturas fortes!
Colaborar é maior que competir!
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