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Cuidado com os modismos na gestão da sua empresa


 

No mundo do futebol, é comum ver jogadores que têm boas atuações em seus clubes serem contratados por outros e não repetirem o mesmo sucesso. Isso não significa que o atleta desaprendeu a jogar. Muitas vezes, isso se deve ao fato de que os clubes contratantes esquecem uma importante variável da equação: a cultura. Nesse contexto, para que a contratação dê certo, a competência individual do jogador é somente um ponto entre vários outros, como por exemplo, a qualidade dos atletas que estarão ao seu lado jogando, o estilo de liderança do técnico do time, o perfil histórico dos jogadores que passarem pelo clube, entre diversos outros. Não é uma matemática simples.


Trazendo esta lógica para o meio empresarial, vejo diversos exemplos de organizações que implantam iniciativas de melhoria de gestão sem a devida preocupação com a aderência à sua cultura. Logicamente, identificar melhores práticas e replicá-las é um processo legítimo e baseado em uma excelente intenção. No entanto, é fundamental que haja um cuidado prévio com as condições para a implantação da iniciativa.


Um exemplo que tenho visto com frequência é a utilização da metodologia OKR, sigla em inglês para Objetivos e Resultados Chave. De maneira resumida, o OKR se baseia na definição de objetivos desafiadores para a empresa, que devem ser desdobrados em resultados mensuráveis e acompanhados periodicamente. Essa metodologia ganhou notoriedade após ser utilizada em empresas do Vale do Silício, incluindo o Google. As empresas que iniciaram a utilização do OKR são, predominantemente, do ramo de tecnologia, que possuem toda uma cultura própria de funcionamento. Para um aproveitamento produtivo do OKR, são necessárias algumas características fundamentais dentro das organizações, as quais listo a seguir:


  1. Boa visão sistêmica do time, ou seja, capacidade de entender o que é realmente para a empresa como um todo;

  2. Processos de acompanhamento ágeis, que não deixem a metodologia pesada;

  3. Boa capacidade de relacionamento e trabalho em equipe entre as diversas áreas;

  4. Times com maturidade em gestão relativamente alta.


A falta de uma destas características torna a utilização do OKR mais difícil. A metodologia OKR é um exemplo que tenho acompanhado com mais frequência nas empresas, mas há outros exemplos, como a divisão dos times em squads e a utilização da metodologia Scrum. Independente de qual seja a técnica gerencial, é de extrema importância que haja uma reflexão por parte da alta gestão se o terreno realmente está fértil para a sua implantação.


O primeiro passo para evitar que sua empresa caia na armadilha dos modismos da gestão é entender que o método na verdade é único, descrito lá nos anos 1.600 por René Descartes, em seu livro “O Discurso do Método”. Ele é composto, basicamente, das seguintes etapas: identificação dos resultados a serem alcançados, análise do contexto em partes menores para facilitar o entendimento, definição do que deve ser realizado para alcance dos resultados, execução disciplinada do que foi definido, e acompanhamento periódico para correção ou padronização das ações a partir dos resultados alcançados.


Estas etapas são a base da gestão e todas as metodologias existem para tornar essa base, ou mais robusta, ou mais dinâmica, ou mais didática, mas nunca será para substituí-la, pois, independente do contexto, os fundamentos da gestão são os mesmos. Ter esse entendimento facilita muito a escolha da melhor iniciativa de gestão para sua empresa.


A melhor metodologia não é aquela que está na moda no mundo empresarial, e sim aquela que funciona para o seu negócio. E o que significa, nesse caso, funcionar? Significa apoiar verdadeiramente o alcance dos resultados desejados, promovendo o desenvolvimento do time em resolução de problemas, e deixando-o mais feliz e motivado a fazer o que faz. Pense nisso antes de implantar a próxima iniciativa de melhoria da gestão em sua empresa!

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