Quando o assunto é definição de metas, normalmente se fala no conceito SMART, que significa ter metas específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais. Na teoria, faz todo sentido, mas confesso que nunca fui muito fã de siglas, pois no meio empresarial elas existem em excesso, se transformando em uma verdadeira “sopa de letrinhas” e deixando a gestão, que já não é um tema tão agradável, ainda mais complexa. Sempre preferi mais praticidade e, por isso, quero compartilhar com vocês dicas mais concretas sobre como definir boas metas.
Primeiro é importante entender o conceito do termo meta. Meta é um resultado mensurável a ser alcançado em determinado prazo. Portanto, por natureza, uma meta deve ter três componentes obrigatórios: objetivo, valor e prazo. Por exemplo: reduzir as despesas administrativas em 10% até 31/12/2023. Neste caso, há um objetivo mensurável (reduzir as despesas administrativas), um valor (em 10%) e um prazo (até 31/12/2023). Para que uma meta seja corretamente definida, é condição fundamental que este conceito esteja claro para todos os envolvidos na definição da meta.
Em segundo lugar, é importante destacar que uma meta não deve ser definida por uma única pessoa. A construção de uma meta é uma atividade coletiva e quem vai receber a meta também deve participar ativamente do processo. Metas não devem ser impostas, mas construídas com a participação de todo o time envolvido.
Outro ponto de atenção é que metas não devem ser baseadas em opiniões, mas sim fundamentadas em fatos e dados. Ter em mãos o histórico interno da empresa, informações de mercado e dados da concorrência é um fator crítico de sucesso na construção de uma meta. Logicamente, sabemos que nem sempre estes dados estão facilmente disponíveis. Neste caso, a experiência do time torna-se um ativo crucial para a definição da meta. No entanto, quando há disponibilidade de dados, estes devem ser exaustivamente utilizados.
Por fim, acrescento que uma boa definição de meta ocorre a partir de uma boa identificação de oportunidades de melhoria ou, em outras palavras, de fechamento de lacunas. Uma vez ouvi a seguinte frase: “o papel do líder é abrir e fechar lacunas constantemente”. Concordo plenamente! Mas o que significa isso na prática? Abrir e fechar uma lacuna significa identificar, em sua área de atuação, os melhores resultados já alcançados, seja no mercado, seja internamente, e definir metas, de forma escalonada, até o alcance deste melhor resultado. Por exemplo: uma determinada empresa tem um faturamento mensal de R$ 100 mil. Seu concorrente tem o melhor resultado do mercado de atuação, vendendo R$ 300 mil por mês. Sendo assim, a empresa que vende R$ 100 mil por mês pode definir uma meta de aumento do faturamento mensal para R$ 120 mil por mês no primeiro ano, R$ 150 mil mensais no segundo ano, R$ 200 mil no terceiro, até chegar aos R$ 300 mil alcançado pelo concorrente. Isso é abrir e fechar uma lacuna! É identificar constantemente os melhores resultados em sua área de atuação e definir metas para buscar estes resultados.
Pouquíssimas empresas seguem todo esse rito para realizar a construção de suas metas. As causas são as mais variadas: falta de capacitação do time, pressa em pular etapas, entre outras. O fato é que a construção inadequada de metas, inevitavelmente, cobra seu preço, sendo talvez a principal consequência a desmotivação do time, gerando alta rotatividade e causando um prejuízo imenso para a organização. Portanto, não canso de repetir: o tempo gasto na construção de boas metas é um dos melhores investimentos que uma empresa pode fazer.
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