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Empresas não são apenas números


 

Nos últimos anos, a utilização prática das ciências exatas permitiu um avanço tecnológico sem precedentes em várias áreas, como por exemplo, saúde, telecomunicações e transporte. A partir da utilização de leis da matemática, física, química e outras áreas do conhecimento, o ser humano conseguiu tornar o mundo melhor em vários aspectos.


No Brasil, essa evolução consegue ser mais fortemente percebida na iniciativa privada, ou seja, as empresas brasileiras têm cada vez mais acesso a recursos tecnológicos que as permitem ofertar melhores produtos e serviços. No campo da gestão, também houve avanços importantes nesse sentido: atualmente existem sistemas gerenciais robustos que auxiliam de maneira significativa as empresas a resolver problemas.

No entanto, esse impacto das ciências exatas nas organizações parece não se repetir quando se trata de outro campo do conhecimento: as ciências sociais. Talvez pelo fato do resultado gerado pelas ações nesse campo não ser tão fácil de mensurar no curto prazo, com frequência os gestores das organizações não dão a importância necessária aos relacionamentos humanos que ocorrem em suas empresas.


Não é surpresa, portanto, que diversas pesquisas apontem que um percentual relevante das demissões nas organizações seja motivado por insatisfação com as lideranças. Uma destas pesquisas, realizada pela consultoria de recrutamento Michal Page, concluiu que oito em cada dez candidatos pedem demissão por causa do chefe. O estudo mostra que decisões erradas ou mal planejadas por parte da liderança são os pontos que mais desgastam relacionamentos entre líderes e liderados.


Empresas não são apenas números! Empresas são, fundamentalmente, pessoas. Sendo assim, é crucial para o bom funcionamento de qualquer organização o entendimento claro de como funcionam as pessoas que compõem seus times.

Para começar, os líderes das organizações precisam entender uma regra básica nos relacionamentos entre as pessoas: o comportamento dos liderados é fortemente influenciado pelo comportamento das lideranças. Portanto, isso significa que os líderes precisam ser exemplos de bom comportamento caso queiram criar uma cultura organizacional positiva. Sistemas gerenciais robustos, métodos de gestão modernos, não surtirão o efeito desejado se não houver uma cultura organizacional aderente à utilização destes recursos.


E a criação de uma cultura organizacional aderente a uma boa gestão é de total responsabilidade da liderança, que deve ter seu comportamento pautado por quatro pilares:

Propósito: o líder deve inspirar as pessoas a realizar coisas que gerem um impacto positivo no mundo;

Determinação: os erros e obstáculos sempre farão parte do caminho e as pessoas precisam ter o apoio para que entendam que o importante é ter garra para superá-los e seguirem mais forte a partir dos aprendizados;


Humildade: o conhecimento gerado no mundo é infinitamente maior que nossa capacidade de absorção. Portanto, sempre haverá coisas que ainda não sabemos e devemos estar sempre abertos a aprender;

Ética: não devemos fazer nada que prejudique o outro de forma intencional. Na lógica das relações humanas, vale a máxima: se tiver dúvida, não faça.

Estes pontos, de uma forma geral, não são ensinados em escolas de administração, pelo menos não de forma enfática. Normalmente, estas instituições priorizam o ensino das técnicas da administração, mas não têm foco nas relações sociais dentro das organizações.

O que se percebe muito ainda nas empresas são relações não igualitárias entre líderes e liderados, com autoritarismo e pouco entendimento ou pouca preocupação com o bem-estar do time. Frases como: “eles recebem tudo em dia, não têm do que reclamar”, “eles precisam agradecer por ter esse emprego”, entre outras, infelizmente são mais comuns do que se imagina. Líderes que não dão bom dia, não sorriem, não se preocupam genuinamente com suas equipes, parecem ainda ser maioria. Como se a empresa estivesse fazendo um favor ao contratar alguém. Na verdade, uma empresa só terá longevidade por causa da boa atuação destas pessoas. Portanto, fazer com que elas se sintam bem e mantenham a motivação deveria ser agenda prioritária da liderança.

A partir de todo esse contexto, constata-se que, para uma empresa ter sustentabilidade de fato, as ciências exatas não são suficientes, é fundamental que as ciências sociais sejam base de atuação de qualquer organização, onde a liderança é exemplo de bom comportamento e faz do ambiente de trabalho um ambiente prazeroso e de motivação constante. Por fim, deixo como leitura essencial para qualquer líder a obra Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, uma obra da década de 30, mas que continua mais atual do que nunca.

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