Ao longo dos últimos 17 anos, minha rotina profissional tem sido basicamente dentro das organizações, auxiliando-as a aperfeiçoar suas práticas de gestão. Nesse contexto, tenho percebido uma falha relativamente frequente: a busca pelo alcance dos resultados por meio somente da implantação ou aperfeiçoamento de metodologias de gestão.
As técnicas de gestão tornaram-se um tema cada vez mais comum dentro das organizações e isso as desenvolveu fortemente nos últimos anos, o que disseminou a crença de que a gestão é a alavanca principal para impulsionar resultados. No entanto, é importante lembrar que, para qualquer iniciativa, incluindo as empresariais, três fatores são essenciais: conhecimento técnico, conhecimento em gestão e liderança. A gestão corresponde a um terço do necessário para o alcance do sucesso de uma iniciativa, e se colocarmos pesos nestes fatores, não chega nem a isso. Destes três fatores, sem dúvida alguma, a liderança deveria ser a variável a ocupar o topo da agenda de qualquer empresa.
O papel do líder em uma organização é alcançar resultados, por meio da equipe, gerando conhecimento e agindo da maneira certa. Sendo assim, ele deve pautar sua atuação em quatro pilares comportamentais: propósito, determinação, humildade e ética. Não há método de gestão que seja sustentável sem que estes pilares sejam trabalhados e desenvolvidos constantemente entre os líderes. Em pouquíssimas empresas, percebo a atenção necessária no tratamento destes pilares. Listarei abaixo as situações de inconformidades mais comuns que encontro para cada pilar:
Propósito: líderes sem motivação alguma para trabalhar na empresa, a não ser a remuneração. Nesse contexto, é praticamente impossível o líder conseguir motivar e desenvolver seu time no sentido de alcançar os resultados desejados;
Determinação: líderes resistentes à mudança e com foco nas dificuldades e não nas oportunidades. Em ambientes com essa cultura, qualquer desafio se torna um sacrifício;
Humildade: percebo que este pilar é o mais difícil de se trabalhar, na prática. Constato vários líderes na posição de donos da verdade, que acham que já sabem tudo, que não precisam de ajuda, que não incentivam seus times a colaborar de forma efetiva e, por consequência, não incorporando na empresa todo o conhecimento necessário ao alcance dos resultados;
Ética: líderes que tem o discurso diferente do que fala, que formam “panelinhas”, que fazem avaliações de desempenho enviesadas, entre outras práticas, não são raras de se encontrar nas empresas, infelizmente. Contextos como esse são um prato cheio para altas taxas de rotatividade.
Por tudo isso, não é difícil concluir que, antes de tudo, é necessário trabalhar para que os pilares da liderança sejam seguidos com a máxima disciplina. Só assim, a implantação ou o aperfeiçoamento das práticas de gestão surtirão o efeito desejado.
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